Com a proposta de oferecer canais permanentes de comunicação com a população e proporcionar que o cidadão se aproprie da democracia, o governo do Rio Grande do Sul lançou o Gabinete Digital. Mas a ideia não foi tão inovadora. De acordo com a revista Acesso Total, Tarso Genro se baseou nos modelos políticos da Alemanha e dos Estados Unidos já que os governantes Angela Merkel e Barack Obama usufruem de ferramentas de comunicação digital para manter contato com seus eleitores.
O lançamento da ferramenta não priorizou a potencialidade política da proposta, valorizando a superprodução com tom de festa. Mais de cem pessoas se reuniram no Salão Negrinho do Pastoreio do Palácio Piratini para o evento, como o ator José de Abreu, o jornalista Paulo Henrique Amorim, o poeta Fabrício Carpinejar e Marcelo Branco, militante do movimento pelo software livre. Com isso, o momento da última terça-feira (24) deixou de somar para o sucesso do Gabinete, que terá que se justificar dia após dia.
Feito com Software Livre e licença Creative Commons, o site reúne ferramentas com finalidades nem tão democráticas. No Governador Responde, qualquer pessoa pode enviar uma pergunta, mas somente a mais votada do mês será respondida pelo governador através de um vídeo. Leia bem. Apenas uma pergunta terá resposta no "grande" período de 30 dias. Em o Governo Escuta são realizadas mesas redondas para debater diversos temas com transmissão pela internet e espaço para a interação dos internautas. Na Agenda Colaborativa, a população pode sugerir pautas para discutir com o governador na sua cidade. Vale ressaltar que a inclusão digital ainda não chegou no Rio Grande do Sul, ou seja, nem toda a população tem acesso à rede para participar dessas ferramentas.
Conforme o jornalista Alexandre Haubrich, que estava presente no lançamento do Gabinete Digital e reconhece a importância do portal, esses mecanismos precisam ser aprofundados e comprados por toda a sociedade para terem sucesso. "Isso só pode acontecer a partir de muitos outros fatores circulares, como a democratização radical da mídia, uma reforma política ampla, reforma urbana e muitos outros itens que ainda estão muito longe de serem alcançados. Chegar a um sistema democrático implica mudanças estruturais profundas, e não é o Gabinete Digital que vai fazer isso", disse.
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